domingo, 19 de setembro de 2010

Capítulo 11

É divertido matar?

— Esperem! – Um cavaleiro se levanta e aponta para o templário que está caído na arena.

Thanatos se levanta se apoiando no escudo, pois sua espada estava longe. O sangue ainda saía de seu pescoço, mas ele se levantou, ergueu sua mão direita e fez uma prece.

— Frigga, minha deusa, eu te suplico; Me ajude agora porque necessito, ne empreste um pouco de seu imenso poder, para que esse corpo pare agora de sofrer. Curar! - Thanatos coloca a mão direita em volta do pescoço e o mesmo para de sangrar na hora, ao tirar sua mão a ferida havia desaparecido completamente.

O rapaz de prancheta corre até o caçador caído e o examina, depois se levanta e fala bem alto para os espectadores.

— Eu declaro agora Thanatos como campeão da Arena de Odin!

Uma explosão de alegria, gritos e assovios tomam conta da arquibancada. A torcida de Sísifo se retira das arquibancadas e a festa é dominada por cavaleiros, templários e ferreiros.

Thanatos anda mancando até a sua espada, pega ela no chão e a embainha nas costas novamente. Ele se vira para a porta e caminha lentamente para a única saída e entrada da arena, a caminhada é longa e ele é ovacionado até sumir pelo pequeno portão.

— Nunca duvidei de Thanatos, eu sabia que ele iria ganhar! - Érebo comemorava junto com a torcida.

— É... - Maeros acompanhou com os olhos a caminhada do seu amigo templário pela arena até a porta, mas não conseguia ficar alegre com aquilo, era como se ele não tivesse ganhado, ele não parecia feliz com aquilo e ela sabia disso.

— Érebo, vamos! - Maeros puxa o ferreiro pelo pulso para fora da arquibancada, para encontrar com o vencedor do lado de fora da arena.

Érebo vai a contragosto junto com ela, queria ficar ali comemorando a vitória do amigo.

O templário; machucado, cansado e andando com dificuldade, atravessa a pequena sala que outrora tinha ficado conversando com o rapaz da prancheta. Passa pelo salão de entrada da arena, agora vazio... Enquanto todos comemoravam a vitória dele do lado de fora, pelas ruas de Prontera, ele mais parecia que havia sido derrotado vergonhosamente. Havia uma expressão de tristeza e derrota estampada no seu rosto.

Do lado de fora estava Peco, havia esperado pelo seu dono, o templário, todo o tempo, não tinha saído dali, nem por um instante. Thanatos chega perto de Peco, afaga um pouco seu amigo e procura por alguma coisa dentro de uma bolsa pendurada do lado do Grand Peco.

— Thanatos, você esta bem? - Perguntou Maeros descendo por uma escadaria que levava ao topo da muralha da arena.

— É claro que ele está bem! Ele é o grande Thanatos! Vencedor da arena de Odin! Aquele que derrotou o grifo! – Disse o ferreiro, que foi arrastado até ali por Maeros, se vangloriando das conquistas do amigo.

— Eu não vou morrer, se é isso que querem saber. – Ele tira uma garrafa com um liquído verde de dentro da bolsa de Peco, era um poção verde, servia para curar envenenamento. Apesar de ter fechado a ferida do pescoço, e templário ainda estava envenenado e morreria não fosse por aquela poção. Ele toma a poção inteira e ela não parece ter um gosto muito bom, pela cara que ele fez ao beber.

— Eu não quero saber se você vai morrer, eu quero saber se você está bem! – Maeros chega mais perto de Thanatos.

— Estou bem, fisicamente... – O templário falava com uma voz triste e gelada com a mercenária.

— Não fique assim Thanatos, você é um campeão! Você matou o Sísifo! Você é o maior dos maiores, fique contente! – O ferreiro abraça o amigo para consolá-lo, mas ele mesmo não entendia o por quê de Thanatos estar triste, ele havia derrotado Sísifo, que era invicto a mais de cem batalhas.

— E por acaso eu devo ficar feliz por ter matado alguém? Devo comemorar porque tirei a vida de uma pessoa? – Thanatos olha com ar de desaprovação para Érebo.

— O que é isso? Ele vai reviver daqui um dia no máximo... Não tem nada de mais nisso, é apenas diversão! - O ferreiro sorri para o amigo.

— É divertido matar?! É divertido brincar com a vida de uma pessoa?! Você acha que eu me diverti ferindo ele?! Usando os poderes que consegui para proteger matando ele?! O meu objetivo é e sempre foi ajudar, eu não quero matar ninguém – Thanatos fica realmente estressado com o amigo.

— Desculpa... Se soubéssemos que você não iria gostar nunca teríamos concordado com isso, nos perdoe. – Maeros olhava para Thanatos com olhar de remorso pelo que tinha feito o amigo passar.

Quando os quatro haviam chegado em Prontera, Érebo e Maeros ficaram sabendo da Arena de Odin, e inscreveram seu amigo para ela sem ele saber. Mas agora Maeros estava profundamente arrependida pelo que tinha feito, ver Thanatos daquele jeito estava deixando ela com um remorso terrível. Érebo por outro lado, não entendia por que seu amigo estava tão furioso, mas mesmo assim, estava arrependido, não queria ver o amigo daquela maneira.

— Eu pensei que me conheciam melhor... Se eu quisesse matar teria me tornado um cavaleiro. – Ele da as costas para seus amigos e anda em direção a saída sul de Prontera.

A cidade estava em festa, todos corriam e comemoravam nas ruas, estavam tão distraídos em sua comemoração, que nem notaram o templário e seu Peco andando por entre eles. Quando chegaram não conseguiam andar por causa do assédio, agora Thanatos anda calmamente pelas ruas sem ser notado pela multidão.

— Acho que não somos tão bons amigos assim... – Érebo olha para Maeros e se volta para Thanatos que caminha vagarosamente em companhia de Peco em meio à algazarra.

Maeros olha o templário andando pelas ruas de prontera cabisbaixo. O remorso a consumia por dentro, mas ela achava melhor deixá-lo sozinho por um tempo.