segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Capítulo 12

A grande Floresta

 Thanatos e Peco estavam do lado de fora da cidade, estavam já dentro da "Grande Floresta".

Atrás deles só haviam os enormes muros fortificados da cidade, medindo mais de 10 metros e quase 15 nas torres laterais.

Qualquer aventureiro que chegasse na cidade era logo avisado das medidas de emergência. Prontera ficava na entrada da Grande Floresta, por causa disso era atacada constantemente por monstros selvagens ou não, todo aquele que chegava na cidade recebia uma orientação;

"A guarda de Prontera é composta por todos aqueles que nela se encontram, a cidade só cobra uma coisa de seus visitantes: proteção.
Um alarme sonoro soará quando a cidade estiver sendo atacada, todos devem assumir as posições de batalha e proteger a cidade.
Arqueiros, magos e todos aqueles que puderem atacar de longe, devem subir as muralhas e atacar a todos os monstros que se aproximarem da cidade.
Espadachins, gatunos e aqueles que atacam corpo-a-corpo devem ficar a postos do lado de fora dos portões e protegerem Prontera."

Era um aviso simples e eficaz, para que todos entendessem.
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Maeros e Érebo resolveram deixar o amigo um pouco sozinho. Andavam pela cidade à procura de mantimentos e coisas que precisariam para a jornada floresta adentro.

— Você não acha que é melhor irmos ver o Thanatos? – Indaga Érebo.

— Ele quer ficar só. – Disse Maeros.

— Vocês conhecem o Thanatos? – Uma monja de estatura mediana e longos cabelos lisos e negros como o mais puro ébano polido aparece diante deles, ela tem um ar de serenidade e calma no rosto.

— Thanatos é o nosso amigo, por que? – Disse o ferreiro já encantado com a beleza da moça que estava parada na sua frente, porém, infelizmente o ferreiro não podia ver sua silhueta e muito menos a forma do seu corpo pois a roupa de monge impedia.

— É porque... – A monja vira o rosto para o lado, como se não quisesse falar.

— É porque estamos preocupadas com o seu amigo. – Outra garota aparece por detrás da garota de cabelos negros, era uma sacerdotisa de pele bronzeada, olhos negros e olhar determinado, apesar disso era baixa, assim como todas as sacerdotisas usa uma batina roxa que se estende até os pés, mas no entanto tem dois cortes laterais no vestido que sobem até seu quadril mostrando uma cinta-linga preta por baixo.

— Preocupadas? Por qual motivo? Vocês devem saber que o Thanatos é o espadachim mais forte do mundo, ele pode muito bom se cuidar sozinho. – Disse Maeros fazendo média para seu amigo templário.

— Mas o Sísifo pode ser muito vingativo... Vocês não o conhecem... – A sacerdotisa e a monja se entreolham, como se relembrassem algo do passado.

— Vocês são amigas do Sísifo? Vocês acham que ele pode ter ido atrás do Thanatos para se vingar? – Disse o ferreiro, ainda sem tirar os olhos da monja.

— Quando chegamos no templo de Odin para esperar a ressurreição do Sísifo, o guarda do templo nos havia dito que ele já tinha se recuperado e que já havia saído de Prontera e que foi para a "Grande Floresta"... – A monja dizia aquilo olhando para o chão, seu ar de serenidade havia mudado para um de preocupação.

— Então ele foi... – Maeros dizia sem querer acreditar nos fatos.

— Tudo leva a crer que sim... – Depois das palavras da sacerdotisa, os quatro se entreolham e mesmo sem dizer uma palavra já sabiam o que deviam fazer.
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O templário e seu fiel companheiro estavam a algumas centenas de metros da cidade, estavam parados ao pé de uma enorme árvore.

Thanatos olhava para Peco e relembrava do que havia acontecido, sua sangrenta luta, a torcida, os seus amigos, o que havia falado á eles....

— Acho que eu fui duro demais com eles, Peco... - Peco queria poder falar alguma coisa, mas só podia observar enquanto o templário, que estava sentado no chão, falava e desenhava alguma coisa sem sentido na terra com seu dedo indicador.

— Talvez eu seja um mau amigo, não os perdoei de verdade... Não entendi o lado deles. - Enquanto falava, o desenho sem sentido que ele fazia no chão foi tomando forma, e era uma forma assustadora, parecia uma espécie de monstro, tinha braços enormes, uma cara de demônio e diversos olhos espalhados pelo corpo. Thanatos percebe o que havia desenhado, ele fica espantado, mas antes que pudesse pensar ou fazer alguma coisa, o desenho é apagado por um pé.

— Sísifo? – Disse o templário que estava mais espantado ainda.

Peco fica alerta, alguma coisa, instinto talvez, dizia que ele não era de confiança.

— Sim, sou eu. Por que a surpresa? – O caçador abre um sorriso.

— Eu pensei que... Eram 24 horas... – Thanatos diz meio confuso.

— A ressurreição? Bem, você entendeu errado; Os mortos ressuscitam em até 24 horas, mas eles podem ressuscitar antes. – Sísifo se senta do lado do templário.

— Eu achei que você estaria- - O templário é interrompido.

— Bravo? Magoado? Vingativo talvez? – Sísifo não tirava o sorriso do rosto por um segundo sequer.

— Sim. – Thanatos se sentia envergonhado, era como se tivesse perdido vergonhosamente, não uma luta, mas seu objetivo.

— Que nada meu amigo! Essas coisas acontecem, era questão de tempo até chegar alguém mais forte... E que bom que foi você! – Sísifo abraça Thanatos com um braço, um típico abraço de amigo, os dois olham juntos para dentro da "Grande Floresta".

— Veja só, essa imensidão de floresta, quantos perigos, quantos monstros, quantos tesouros não há ai dentro? Não tem porque você ficar aqui se lamentando. Se levante homem! A vida continua! Você tem amigos, você tem um companheiro inseparável! – Aponta para Peco.

Peco não gosta de nada do que Sísifo fala, embora estivesse ajudando Thanatos.

— Você tem razão, ficar aqui me lamentando não vai ajudar em nada. – O templário se levanta e sacode a poeira, o desenho que estava no chão já havia sido apagado pelo pé de Sísifo e ele nem se lembrava mais dele.

Sísifo continuava olhando para Thanatos com o sorriso no rosto, observava-o sem dizer nada.

— Sísifo, você não tem um grupo?

Peco ficou eufórico. Thanatos não podia chamar Sísifo para o grupo, ele não era uma pessoa de confiança, mas como ele iria falar isso para seu dono? Era impossível, restava apenas esperar e ficar atento.

— Bem, Agora que você falou... Não, não tenho.

— Então você está formalmente convidado para entrar no meu grupo! – Thanatos abre um sorriso gentil e coloca uma mão no ombro do caçador.

— É uma honra! E é claro que eu aceito, andar com o melhor espadachim do mundo vai ser um privilégio.

Peco não gostava de nada do que escutava, mas infelizmente estava impotente diante da situação.
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— Será que ele está longe? – A sacerdotisa dizia meio ofegante por estar correndo, o forte dela era curar e ajudar os outros e não correr por aí, não tinha físico pra isso.

— Se eu conheço Thanatos, ele deve ter andado um pouco e parado pra refletir, provavelmente em um lugar bem óbvio, onde possamos achá-lo – Érebo não parecia nem um pouco cansado, um ferreiro era bem treinado na arte de correr já que sempre fugia de ladrões e algumas vezes de clientes insatisfeitos.

— Ali! – Maeros aponta para um pequeno grupo que jazia embaixo de uma enorme árvore.

Eles continuam correndo até chegar a algumas dezenas de metros de distância, mas a monja, que corria na frente, para bruscamente, fazendo todos pararem também.

— Mas... O que? – Antes que Érebo pudesse falar mais alguma coisa, a monja aponta para cima, para a copa de uma outra árvore que estava em cima deles, onde vários dragões alados de escamas azuladas voavam.


— Petites! – A mercenária saca as katares e logo se prepara para saltar e atacar os petites voadores, mas é interrompida pela monja.

A monja faz um pequeno movimento com a cabeça, sinalizando que não deveria atacar e aponta novamente para os petites, mas dessa vez, todos vêem uma coisa a mais no meio de todos aqueles pequenos dragões.


— É uma Abelha-rainha! – O ferreiro fica boquiaberto, já tinha escutado histórias sobre a abelha-rainha, que sua coroa valia milhões e que todas as tentativas de acabar com ela acabava com dois ou três mortos, e mesmo quando era derrotada, sempre aparecia outra para substituí-la na colméia.

Olhando mais pra cima, era possível ver a enorme colméia de zangões e abelhas.

— Se não fizermos alguma coisa, Thanatos e Sísifo estarão com sérios problemas – Maeros olhava para Thanatos e queria fazer alguma coisa, desesperadamente.

Mercenária, você pode distrair os petites voadores e atrair a abelha-rainha até aqui embaixo? – A monja falava com ar de determinação e seriedade, mesmo assim ainda parecia serena e não perdia a calma.

— Acho que sim...

Ferreiro, quando a abelha-rainha se aproximar, use seu martelo para deixá-la atordoa-la. – A monja distribuía as ordens como uma verdadeira líder e todos obedeciam.

— Pode deixar comigo – Érebo tira um martelo de batalha, grande e pesado, conhecido como esmagador, diferentemente da época que era um mercador, ele podia segurá-la calmamente, estava bem mais forte agora.

— Arthemis, já sabe o que fazer... – a monja fala com sacerdotisa, revelando o nome da mesma, Arthemis apenas afirma com a cabeça e começa a fazer algumas preces, em alguns instantes todos sentiam o corpo mais rápido e até mais forte.

Maeros não espera mais e parte para o ataque, um ataque extremamente rápido, os petites caiam como frutas maduras, sem nenhuma chance eles eram derrotados um a um pelas rápidas lâminas da mercenária.

A monja fecha os olhos e se concentra por alguns instantes.

Zen! - Diversas esferas azuis rodeavam seu corpo, como se gravitassem em volta dela.

A abelha-rainha percebe a mercenária chegando cada vez mais perto dela, embora fosse apenas um monstro, ela tinha experiência em batalha e sabia que aquilo não era bom. Em segundos um clarão aparece do lado do monstro e uma esfera de eletricidade com mais ou menos um metro de raio é arremessada contra a mercenária sem nenhuma chance de defesa.

— Maeros! - Érebo só tem tempo de gritar o nome da amiga, que cai no chão inconsciente pelo choque e pelo impacto. A abelha estava quase do lado dele, ele apenas ergue sua marreta e deposita todo ódio e raiva que tinha.

Martelo de Thor! – O martelo é envolvido por uma aura que cresce e toma a forma de um martelo enorme, medindo mais de 5 metros, ele bate com o martelo no chão e uma onda de impacto se forma, sorte da monja e da sacerdotisa estarem a alguns metros de distância ou seriam arremessadas pra longe.

A abelha-rainha fica tonta e desnorteada por alguns momentos, Érebo então tenta avançar contra ela, mas alguns zangões aparecem para proteger sua rainha e ele acaba tendo que lutar contra eles.

A monja continua se concentrando e as esferas azuis que ficavam em volta de seu corpo são consumidas misteriosamente, ela abre os olhos que agora tinham a chama da batalha ardendo.

Fúria Interior! - Ao dizer estas palavras em voz alta, ela dá um soco no chão, um soco tão forte que a terra treme e pode-se escutar um estrondo até em Prontera. Ao se levantar, havia uma aura tão densa e poderosa em volta dela que raios de energia eletro-estática percorriam todo seu corpo.

— Aguente só mais um pouco! – A sacerdotisa encorajava Érebo que lutava contra os zangões e agora contra a abelha-rainha que investia ferozmente contra ele. Arthemis o curava, mas naquele ritmo, logo Érebo seria derrotado...

A monja começa a caminhar calmamente em direção á rainha das abelhas e estava completamente concentrada em seu alvo, para ela era como se só existisse ela e o inimigo.

— Saia Érebo! – Ao falar isso, Arthemis corre para longe, Érebo obedece e corre em direção á Thanatos e Sísifo.

A monja fica a alguns metros da abelha-rainha, todos os zangões se distanciam, era só ela e a rainha das abelhas.

Elas se encaram, a monja anda até ficar cara-a-cara com sua inimiga. Ela coloca suas mãos em posição de lótus, a abelha-rainha faz outra esfera de eletricidade para usar na monja dessa vez.

Antes que o monstro pudesse usar o seu ataque, as descargas elétricas que percorriam o corpo da monja começam a se concentrar em seu punho direito. Naquele momento até o tempo parecia mais devagar, a ação que não durou mais que alguns instantes, parecia durar horas para quem estava vendo.

A moça de cabelos negros ergue seu braço direito, seu punho fica completamente envolto de eletricidade que some, como se penetrasse na pele, ela desce seu braço esquerdo e o acúmulo de poder era tanto que se podia sentir uma brisa vindo dela. Seus longos cabelos começavam a ondular e em alguns instantes estavam flutuando como se não existisse gravidade naquele local. A abelha-rainha fica totalmente paralisada, talvez por medo, talvez por espanto, quem sabe...

Punho Supremo do Azura! - A voz da monja estava irreconhecível, era como se um coro de anjos estivesse falando no lugar dela, era um som alto e vigoroso, mas ao mesmo tempo feminino, calmo e sereno. Assim que as palavras foram proferidas, o punho direito dela, que estava estendido acima da cabeça começou a soltar uma fumaça negra, dessa fumaça se formou claramente uma palavra, mas era escrita em letras indecifráveis, jamais vistas antes. O tempo havia parado, a rainha das abelhas não se movia, Érebo que estava correndo estava parado no lugar, Arthemis estava parada atrás de uma árvore, os zangões estavam imóveis, apenas a monja se movia... E seu movimento foi apenas um, ela usou de seu punho direito, onde estava acumulada toda sua energia física e espiritual e deu um soco de cima pra baixo na abelha-rainha, apenas um soco.

A terra tremeu, quase como um terremoto, um clarão cobriu a monja e a abelha rainha, um estrondo ensurdecedor se alastrou por toda a floresta, pássaros voavam assustados, bichos e monstros corriam desesperados do lugar. No local onde estava a monja e a abelha-rainha, agora estava apenas ela e uma cratera de 2 metros no chão, apenas a coroa do monstro havia sobrado, a coroa indestrutível da rainha das abelhas.

Maeros se levanta assustada com tudo aquilo, havia perdido a execução do lendário golpe.

— M-mas... O que Aconteceu aqui? – A mercenária olhava boquiaberta toda a destruição que o ataque da monja havia causado.

— Por Deus! Como alguém pode ter tamanho poder! – Érebo falou isso, ele estava sentado no chão, havia caído com o tremor do ataque e estava completamente abismado com o poder absurdo do golpe da monja e sem esconder a seu fascínio por ela.

— Eu acho irracional aqueles dois não terem escutado nada até agora... – Foram as palavras que Arthemis disse quando saía de trás da árvore.

— Será que o Sísifo... – A monja olha para a sacerdotisa com olhar de preocupação.

— Do Sísifo eu não ficaria surpresa, Mayara... – Arthemis também revela o nome da monja e os quatro percebem a gravidade da situação.

Eles correm em direção a grande árvore e aos três indivíduos que estavam embaixo dela, mas antes, Érebo pega a coroa da abelha-rainha.