sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Capítulo 9

A Pesada Armadura

— Thanatos! De agora em diante você não será chamado mais de espadachim, você agora é um de nós! - Hipnos falava para Thanatos que estava ajoelhado diante dele, na sala havia mais alguns templários, novos e velhos. Era uma sala pequena, mas bem decorada, havia cruzes e um grande vitral atrás do templário, nas paredes tinham escudos, não eram escudos de decoração, cada escudo parecia usado, cheios de cortes e amassados.

— Cada escudo desses nas paredes, foi de um templário que morreu por seus ideais... Para nós é uma honra morrer por aquilo que acreditamos, me diga Thanatos, pelo que você morreria feliz? – Hipnos pergunta olhando nos olhos dele.

— Eu morreria feliz, se em troca da minha vida, eu salvasse alguém. Morreria feliz, se com meu sacrifício meus amigos ficassem a salvo. – Diz ele ajoelhado e de cabeça baixa em sinal de respeito.

— Você passou no teste de templário Thanatos, não por que seguiu as regras, você não me trouxe a estatueta... Você teve que fazer uma decisão: salvar a garota ou passar no teste. Você decidiu que a vida dela era mais importante que um teste; deixou a estatueta e arriscou a vida, não só arriscou a vida, como morreu por ela! É exatamente isso o que um templário faz, ele tem que colocar a vida das pessoas antes de tudo, antes que a própria vida! Vivemos para que os outros vivam, vivemos para curar as feridas do mundo, para que a justiça seja feita, para que os fracos tenham onde se apoiar, para que o mau não prevaleça, para que o mau trema diante de nossa espada! – Os templários em conjunto erguem a espada e logo em seguida a batem contra o escudo, o barulho é enorme e ecoa na sala.

— De agora em diante você será conhecido como Thanatos, o Templário!

Do lado de fora, Érebo e Maeros esperavam por seu amigo, conversavam sobre as aventuras que cada um viveu. A conversa é interrompida quando a porta se abre e passa por ela um templário... Não era qualquer templário, era Thanatos.

— T-Thanatos? É você mesmo? – Pergunta Érebo sem esconder a surpresa.

— Sim, sou eu.

Thanatos estava usando uma armadura legionária completa, era uma armadura toda decorada e estilizada, cruzes e entalhes sagrados estavam espalhados por toda ela, uma longa e pesada capa azul cobria todo o seu ombro e descia pelas costas até chegar ao chão, usava também grevas nos pés, e empunhava uma espada conhecida por Flambergue e um escudo com uma grande cruz vermelha no meio.

— Thanatos agora é meu herói de capa e espada! – Maeros pula em cima dele que é obrigado a pegá-la no colo antes que os dois caíssem no chão, ela lhe da um beijo no rosto que fica vermelho na hora.

— B-Bom... Temos que ir agora, preciso ir à cavalaria pegar uma montaria – Disse ela meio sem jeito colocando ela no chão.

— Claro, vamos! – A mercenária agarra o braço dele e os três vão juntos pra cavalaria.
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— Hipnos, por que deu àquele templário uma armadura legionária? Ele deveria usar uma armadura metálica como todo templário que acaba de se formar. As armaduras legionárias são apenas para templários que já enfrentaram muitas batalhas e demonstraram sua verdadeira fé e coragem, elas são feitas por monges nas montanhas e demoram décadas para ficarem prontas! – Disse a jovem sacerdotisa Catherine.

— Cath... Eu posso estar enganado, mas esse garoto tem uma missão especial aqui, não sei qual, mas ele vai fazer algo grande, muito grande. – Hipnos abraça Cath e os dois vêem o trio desaparecer.
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A cavalaria era um prédio de dois andares, o andar de baixo ficava os Pecos-Pecos e Grand Pecos adestrados, e no de cima, seus criadores e responsáveis. Eles entram no 2° andar, há muitos cavaleiros e templários lá dentro, era como se fosse uma taverna apenas para eles, muitos bebiam e contavam suas histórias. Cavaleiros diziam que eram melhores, templários juravam que eram bem mais fortes... Mas apesar dos embates, era tudo muito calmo e tranqüilo, por mais que contassem vantagem, sabiam que eram guerreiros valorosos e que lutavam pela justiça.

— Com licença senhor, com quem eu falo pra pegar o meu Grand Peco? – Disse Thanatos para um rapaz que parecia um Bar-Man, atrás do balcão.

— É comigo mesmo meu jovem, e o interessado é você? Thanatos não é? – Disse o Bar-Man.

— Sim, sou Thanatos, como você sabe? Hipnos te contou?

Por um instante o lugar se cala, os homens e mulheres se entreolham e um burburinho começa.

"— Thanatos? Aquele espadachim que venceu o grifo?"
"— Aquele que explorou toda a "Grande Floresta" sózinho?"
"— Ouvi rumores que ele passou no teste de cavaleiro em sete minutos e falou que o teste era uma piada!" - Eles olham para o templário parado na frente do balcão e para Maeros e Érebo também.

— Não dêem ouvidos para eles, vamos buscar seu Grand Peco... – Disse o Bar-Man.

— Ei, John! Dê a ele aquele! – Disse um templário no fundo da sala.

O Bar-Man para um pouco, pensa, olha para Thanatos e para o templário que havia o chamado pelo nome e apenas sorri. — Boa idéia.
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Os quatro descem até o que parecia um estábulo, havia Grand Pecos de um lado e Peco Pecos do outro.

— Você sabe porque os templários usam Grand-Peco e os cavaleiros usam Peco-Peco, Thanatos?

— Não.

Peco-pecos são rápidos, agressivos e instintivos. Eles precisam de uma mão firme para guiá-los caso contrário se voltarão contra seu condutor. Depois que se afeiçoam com seu dono, nunca mais desobedecem e se tornam tão fiéis que não hesitariam em pular um precipício se assim seu mestre mandar. – John falava enquanto caminhava por entre as baias cheias de pecos.


Grand Pecos são fortes, resistentes e inteligentes. Eles são perfeitos para um templário que precisa de um parceiro de batalha e não uma máquina obediente. Eles saberão agir sozinho, não precisam receber ordens a todo o momento, aprendem estratégias de batalha e podem usar armaduras próprias. Alguns templários juram que eles entendem quando se conversa com eles.

Enquanto falava, John percorria o estábulo até chegar a uma baia no fundo, nela havia um Grand Peco, mas era um Grand Peco diferente... Parecia maior e mais robusto, suas penas tinham cores mais vibrantes e não parecia gostar do lugar em que estava.

— Os caçadores trouxeram esse aqui há alguns meses, dizem que ele era um tipo de líder. Ele coordenou ataques aos caçadores e organizou os Grand-Pecos, disseram que deu muito trabalho pra ser capturado. Ele é arredio e não pode ser domado direito, mas você... Thanatos, aquele que todo mundo conhece, merece uma montaria digna.

John abre a cancela, coloca uma espécie de arreio no Grand Peco e o entrega a Thanatos.

— Fale com o templário responsável pelas montarias na abadia, ele vai providenciar uma armadura para o seu novo amigo.

John os deixa do lado de fora da cavalaria.
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— Thanatos... Você sabe andar nisso? – O ferreiro aponta para o Grand Peco, este não gosta do jeito que Érebo fala com ele e o empurra com o bico, jogando-o no chão.

— Ele é tão fofinho... – Maeros abraça o Grand Peco.

— Vamos à abadia pra pegar a armadura dele. - Disse Thanatos que puxa o seu novo amigo pelo arreio, enquanto Érebo bate a poeira da roupa depois de ter levantado, Maeros continua afagando o Grand Peco.

— Voltando ao assunto, você sabe andar de Grand Peco? – Perguntou Érebo.

— Não – Respondeu Thanatos secamente.

— Então por que pegou um?

— Não sei – Disse ele com um sorriso pra Érebo.

Eles chegam na Abadia, se dirigem a um local nos fundos da mesma. Havia um forno e alguns ferreiros trabalhavam. O trio chega até lá e é recepcionado por um templário.

— Você deve ser o Thanatos! – Disse o templário que parecia alegre.

— Por que todo mundo conhece você? - Disse Érebo.

— Você quis dizer: Por que ninguém me conhece? Não quis? - Disse Maeros caçoando do amigo.

— Sim, eu sou Thanatos, John me mandou vir até aqui, ele falou que você poderia me ajudar com ele – O templário aponta para seu Grand Peco.

— Claro! Venha comigo, eu tenho a coisa perfeita pra ele. Na verdade, eu já havia mandado forjar para ele uma armadura especial, esta guardada em algum lugar... Eu só preciso achar... - Disseo templário que procura por entre dezenas de armaduras empilhadas.

— Esse peco é especial rapaz, tome cuidado com ele, fiquei sabendo de umas histórias por ai... Mas acho que eu não preciso me preocupar, afinal, você é o lendário Thanatos... Achei! – Ele tira algumas placas de metal polido, eram muito brilhantes e haviam algumas inscrições sagradas e cruzes, assim como as armaduras dos templários.

— Pobre Peco, vai ter que usar essa armadura pesada, e carregar o pesado Thanatos ainda! – Disse Maeros choramingando

— Mas é pra isso que os Grand Pecos servem Maeros! – Exclamou Érebo.

— Eu acho que os Grand-Pecos não servem apenas pra isso meu amigo. Eles são mais do que simples montarias, assim como disse o Jhon, os Grand-Pecos são inteligentes e devem ser tratados com respeito. De agora em diante ele também é um membro de grupo, não apenas uma montaria qualquer. – Disse Thanatos ao colocar a mão sobre o pescoço do seu mais novo amigo.

— O garoto é jovem mais parece sábio – O templário coloca a armadura no Grand Peco.

— Ficou lindo! – Exclamou Maeros se alisando nas penas dele.

— Bem vindo ao grupo, Peco. – Disse Thanatos olhando para Peco.

— Thanatos, tenho um nome melhor para ele... – Falou o ferreiro decepcionado com a escolha do nome.

— O que tem de errado com Peco? É um nome Fácil de lembrar, sonoro... Você não concorda Peco? – Diz Thanatos olhando pra seu novo amigo. Peco queria dizer que sim, mas não sabia como, apenas olhou para seu "dono".

— Que tal; Relâmpago Escarlate! Ou então; Thunderbolt! Ou quem sabe- – Érebo é interrompido por Maeros.

— Que tal você ficar quieto e deixar o Thanatos e o Peco em paz? Os dois já aceitaram o nome que ele deu a ele. Além do mais, Seria melhor chamar ele de "Pequinho", ou então "My little Peco"... – Os dois ficam discutindo nomes possíveis para o Grand Peco e nem percebem que Thanatos e Peco já estavam caminhando pra fora de Glast Heim.

— Sabe Peco, Espero ser um bom amigo pra você, quero que se sinta como parte do nosso grupo. – Thanatos não estava montado em Peco, andava do lado dele, havia até soltado as rédeas.

Peco era um Grand Peco diferente, era mais inteligente que os de sua espécie, podia entender o que o templário falava, só não podia falar com ele.

Aquilo tudo que o templário falava, seria verdade? Peco estava acostumado a ser tratado como uma coisa, como uma arma. Mas Thanatos não, estava chamando ele de amigo e queria que ele se sentisse em casa. Será que ele era diferente? Será que podia confiar em Thanatos? Por que ele não se considerava dono dele? Por que não o montava? As dúvidas ecoavam na cabeça do pobre Peco que apenas escutava sem poder falar nada.